Passados 3 meses e 2 dias, greve dos professores do
Estado de São Paulo foi encerrada sem nenhuma proposta por parte do governador
Geraldo Alckmin/PSDB. Admitindo o enfraquecimento do movimento grevista e, ao
mesmo tempo, para tanto, sem conseguir disfarçar sua articulação na
desmobilização política, a burocracia sindical anunciou o fim.
O movimento grevista que em seu início havia
adquirido força (grande adesão do professorado), foi se consumindo, sob a
articulação da burocracia. Seu descenso não deveu-se apenas aos contínuos
ataques (não pagamento dos dias parados, substituição de professores grevistas,
terror político sob ameaça de quebra de contrato e exonerações...) do governo
do PSDB, mas também devido aos descaminhos adotados pela burocracia: nenhuma
radicalização, aliás, nenhuma ação que fugisse ao seu controle, retirada da
luta do campo político para o campo jurídico e, principalmente, o que poderia
ter mantido a chama da luta acesa, faltou aplicar o dinheiro necessário no
fundo de greve para os professores lutadores se manterem na luta.
Essas medidas, pesaram sobremaneira à greve. Atrofiaram
seu belo vigor. Em sua fase final, um destacado setor do professorado grevista,
por mais que resistisse contra o chamado para o fim da greve, por mais que
argumentasse contra seu término, seus argumentos já não encontravam lastro que
se sustentassem mediante a desesperança que as medidas fascistas do governo
haviam criado e a insatisfação e a raiva que a burocracia tinha provocado. Tudo
isso foi difícil de conter sem ao menos gerar um nó na garganta.
Na penúltima assembleia, o movimento evidenciou
os sinais da temperatura dos ânimos dos lutadores. Uma expressiva parcela
defendeu a continuidade da greve, tendo para isso enfrentado na porrada e
expulsado sob gritos os bate-paus dos seguranças pagos (com o dinheiro dos
associados) pela burocracia sindical para impedir os professores da base de
terem estes o direito de falar no carro de som nas assembleias. Impressiona o
resultado que a força política é capaz de fazer: a pressão exercida por setores
independentes descontentes com a proposta de encerramento da greve - feita por
setores ditos de oposição, em conluio com a articulação - foi tão intensa que,
naquele momento, mudou o quadro da decisão da votação sobre o fim da greve,
tendo passado como proposta vencedora sua continuidade.
Contudo, apesar do esforço da resistência
combativa, o movimento - observado como um todo - já estava em descaminho a
largos passos, o que o colocava em condições quase irreversíveis, difíceis de
serem contornadas, tamanho era o abalo e o desânimo nos olhos do professorado
grevista.
A política fascista do governo e as medidas burocráticas que
atravancaram a luta por parte da burocracia sindical, consequentemente, levavam
à derrota uma greve histórica que começou e terminou tão aguerrida.
Como na luta de classes nada se perde, tudo é
aprendizado, essa greve não se encerra sem deixar como saldo político o orgulho
numa grande parcela do professorado de ter vencido seu medo de ir à luta. E,
principalmente, a consciência de que a greve é apenas uma das ações políticas
aplicadas na luta, e que ela é transitória, mas a luta é contínua!