Sobre
o “Bloco de Luta Contra o Aumento de São Paulo”
Em
13/01/2016 aconteceu uma plenária convocada por diversas entidades
no Sindicato dos Metroviários de SP. Estavam na chamada, em ordem
alfabética: Aliança Anarquista, Anel, Bloco Resistência
Socialista, CAELL, Cahis (História-USP), CALC (ECA-USP), CASSFMU,
Coletivo Ana Montenegro, Coletivo BOOBÁ, Coletivo Construção,
Coletivo Domínio Público de juventude, Coletivo Negro Minervino de
Oliveira, Coletivo Primavera Socialista, CSP-Conlutas, CST- PSOL,
DCE-USP, Enesso, Escola Estadual 23 de Maio, Escola Estadual Fernão
Dias, Escola Estadual Godofredo Furtado, Espaço Socialista, Esquerda
Marxista, Frente Regional de Lutas de Osasco, Juntos, Juventude às
Ruas, Juventude Vamos a Luta, LS - PSOL, LSR - PSOL, MES - PSOL,
Metroviários pela Base, MPL, Movimento Negação da Negação,
Movimento Mulheres em Luta, Movimento Reviva - PUC, MRT, Núcleo
Anarquista da USP, Pastoral Operaria, PCB, PSTU, Quilombo Raça e
Classe, Renovação Sindical, Rizoma / Enfrentamento, Sindicato dos
Metroviários, Sindsep, Sintusp, Território Livre, Ubes, UJC,
Unidade Classista, Unidos pra Lutar, Upes, UST. O MAE também esteve
presente, mas como observador.
A
plenária ocorreu no mesmo lugar onde, em 2014, num dos primeiros
atos Contra a Copa do Mundo, manifestantes foram impedidos de entrar
pela direção do sindicato e ficaram do lado de fora sendo
massacrados pela PM.
O
encontro foi dirigido pelo PSTU e ocorreu numa tranquilidade bovina.
Não houve sequer um desacordo. Sempre que uma entidade se
pronunciava a seguinte corroborava a anterior e acrescentava algo.
Houve um pseudodebate acerca de perfumarias. O essencial,
aparentemente, estava previamente acordado entre as lideranças das
organizações presentes. A plenária serviu apenas para legitimar a
existência do “Bloco de Luta...” diante das dezenas de
presentes, e dar uma face democrática para sua criação.
Foi
constituído o “Bloco de Luta...” que abarca, majoritariamente,
parte significativa da esquerda institucional capitaneado por PSTU e
PSOL. Os mesmos que deixam os interesses partidários acima das
necessidades das categorias onde fazem parte da direção sindical.
Eles, que se evadiram, mas de “forma organizada” como disse o
dirigente sindical dos metroviários que conduziu a reunião, da
Avenida Paulista em Junho de 2013, assim como o MPL também o fez.
Além de abandonar a pauta original de extinção das tarifas,
ofertaram o movimento de massas, os trabalhadores e as ruas, naquela
oportunidade, para a direita fascista quando havia correlação de
forças para fazer o enfrentamento. E agora, em função disso
também, mas não apenas, nossos inimigos de classe tomaram gosto
pelo desfile público.
A
criação do “Bloco de Luta...” evidencia o início de uma
divisão entre a esquerda institucional e o MPL. E isso até demorou
a acontecer. Mesmo tendo divergências sobre a atuação do MPL,
principalmente desde Junho de 2013 acreditamos que seus métodos de
organização e ação ainda são incompatíveis com as estratégias
da esquerda parlamentar. Não vamos entrar no mérito dessa questão
agora, pois esse não é o objetivo no momento.
Aproveitando
o momento de evidente crise, da criminalização da tática Black
Bloc, da brutal repressão do Estado e dos traumas gerados pela sua
violência, surge o “Bloco de Luta” que vê uma oportunidade
para, possivelmente, dividir o movimento e futuramente tentar
dirigi-lo. O momento é o mais propício para isso. Jovens nas ruas,
almas e mentes para conquistar, a tão falada crise de
representatividade, necessidades partidárias à vista. Terreno
fértil para a burocracia eleitoreira atuar e engordar suas fileiras.
Isso se indicava logo após o 1° Ato quando entidades, algumas
citadas acima, passaram a criticar publicamente o MPL caracterizado
como incompetente e despreparado para dirigir a luta, desorganizado,
complacente com os mascarados, antidemocrático. Denunciaram clima de
insegurança nas suas atividades. Nem vamos entrar no mérito das
críticas, pois não somos advogados do MPL e também discordamos de
algumas de suas práticas. De início o “Bloco de Lutas” fez um
“pré-ato” na Praça da Sé antes do 3° Ato no Teatro Municipal
indicando seus militantes a se concentrarem lá, fragilizando a
concentração no Largo da Batata. Sinalizaram também o desejo de
fazer atos próprios e convocaram uma nova plenária para o dia 19/01
no mesmo local.
Queremos
deixar claro que a divisão do movimento enfraquece a luta.
Defendemos e fomentamos a liberdade de organização, mas condenamos
energicamente qualquer tipo de oportunismo eleitoreiro, parasitismo e
autopromoção nas lutas. Apesar de todas as diferenças ideológicas
só conseguiremos avançar na conquista das pautas, nesse momento,
com unidade. Esse assunto será abordado futuramente, mas para
finalizar, foi decepcionante ver camaradas, por ingenuidade ou
convicção política, da Aliança Anarquista, Núcleo Anarquista da
USP e Rizoma sendo avalistas do “Bloco de Lutas...” composto e
dirigido, principalmente, por quem sempre foi avesso às lutas
autônomas.
Fiquemos atentos camaradas!