5 de março de 2016

Memórias de Iara: lições e ensinamentos

Iara?
Olá, família linda!
Iara, não era moradora de rua, era ocupadora de rua, era lutadora de rua... porque rua não deve ser moradia, mas lugar de se ocupar com muita luta por dignidade, por igualdade!
Foi-se Iara, vítima do capital, mas também uma lutadora contra o capital! Resistiu, entrincheirada em si, como tantas mulheres de luta. A duras penas, enfrentou opressões, violência, infortúnios e tormentos diários.

Iara vive!
Em sua embriaguez permanente refletia sobre a vida, as pessoas e as coisas, de modo a impressionar e a surpreender - com sua lucidez - até mesmo experientes lutadores políticos.
Com uma sensibilidade lapidada na truculência do submundo, de um mundo estupidificador das relações sociais típicas dos megacentros urbanos, de relacionamentos demasiadamente frios moldados pelo sistema do capital, Iara nos legou o seguinte ensinamento: que lutador(a) é aquele(a) que dá tudo o que tem e não o que lhe sobra. (Iara doou ao acampamento do MAE, em 2013, a quantia de dois reais, de forma consciente e com o mais sincero dos gestos solidários).
A jovem lutadora de rua deu lições - de companheirismo e de solidariedade - das mais preciosas: se sacrificou em nome da causa na qual passou a (a)creditar, deu tudo o que tinha sem vacilar; compreendeu mais a fundo o significado da luta, do que muitos que às vezes fingem lutar.
Quem luta diariamente contra as duras condições de existência - ou subsistência? -
Morre um pouco a cada dia, de modo que já não sente a morte quando esta vem de forma definitiva!
Quantas Iaras ocupam ruas e lutam no (sub)mundo sem serem notadas?
A luta das Iaras é a luta dos que brigam para se libertar do jugo daqueles que oprimem.
Iaras vivem à lutar!


Vivam Iaras! Iaras vivam!