Iara?
Olá,
família linda!
Iara, não era moradora de rua, era ocupadora de rua, era
lutadora de rua... porque rua não deve ser moradia, mas lugar de se ocupar com muita
luta por dignidade, por igualdade!
Foi-se Iara, vítima do capital, mas também uma lutadora contra o capital! Resistiu,
entrincheirada em si, como tantas mulheres de luta. A duras penas, enfrentou opressões,
violência, infortúnios e tormentos diários.
Em sua embriaguez permanente refletia sobre a vida, as
pessoas e as coisas, de modo a impressionar e a surpreender - com sua lucidez -
até mesmo experientes lutadores políticos.
Com uma sensibilidade
lapidada na truculência do submundo, de um mundo estupidificador das relações
sociais típicas dos megacentros urbanos, de relacionamentos demasiadamente frios
moldados pelo sistema do capital, Iara nos legou o seguinte ensinamento: que
lutador(a) é aquele(a) que dá tudo o que tem e não o que lhe sobra. (Iara doou
ao acampamento do MAE, em 2013, a quantia de dois reais, de forma consciente e
com o mais sincero dos gestos solidários).
A jovem lutadora de rua
deu lições - de companheirismo e de solidariedade - das mais preciosas: se
sacrificou em nome da causa na qual passou a (a)creditar, deu tudo o que tinha
sem vacilar; compreendeu mais a fundo o significado da luta, do que muitos que às
vezes fingem lutar.
Quem luta diariamente
contra as duras condições de existência - ou subsistência? -
Morre um pouco a cada dia,
de modo que já não sente a morte quando esta vem de forma definitiva!
Quantas Iaras ocupam ruas
e lutam no (sub)mundo sem serem notadas?
A luta das Iaras é a luta
dos que brigam para se libertar do jugo daqueles que oprimem.
Iaras vivem à lutar!
Vivam Iaras! Iaras vivam!