2 de fevereiro de 2016

Sobre o “Bloco de Luta Contra o Aumento de São Paulo”


Em 13/01/2016 aconteceu uma plenária convocada por diversas entidades no Sindicato dos Metroviários de SP. Estavam na chamada, em ordem alfabética: Aliança Anarquista, Anel, Bloco Resistência Socialista, CAELL, Cahis (História-USP), CALC (ECA-USP), CASSFMU, Coletivo Ana Montenegro, Coletivo BOOBÁ, Coletivo Construção, Coletivo Domínio Público de juventude, Coletivo Negro Minervino de Oliveira, Coletivo Primavera Socialista, CSP-Conlutas, CST- PSOL, DCE-USP, Enesso, Escola Estadual 23 de Maio, Escola Estadual Fernão Dias, Escola Estadual Godofredo Furtado, Espaço Socialista, Esquerda Marxista, Frente Regional de Lutas de Osasco, Juntos, Juventude às Ruas, Juventude Vamos a Luta, LS - PSOL, LSR - PSOL, MES - PSOL, Metroviários pela Base, MPL, Movimento Negação da Negação, Movimento Mulheres em Luta, Movimento Reviva - PUC, MRT, Núcleo Anarquista da USP, Pastoral Operaria, PCB, PSTU, Quilombo Raça e Classe, Renovação Sindical, Rizoma / Enfrentamento, Sindicato dos Metroviários, Sindsep, Sintusp, Território Livre, Ubes, UJC, Unidade Classista, Unidos pra Lutar, Upes, UST. O MAE também esteve presente, mas como observador.
A plenária ocorreu no mesmo lugar onde, em 2014, num dos primeiros atos Contra a Copa do Mundo, manifestantes foram impedidos de entrar pela direção do sindicato e ficaram do lado de fora sendo massacrados pela PM.
O encontro foi dirigido pelo PSTU e ocorreu numa tranquilidade bovina. Não houve sequer um desacordo. Sempre que uma entidade se pronunciava a seguinte corroborava a anterior e acrescentava algo. Houve um pseudodebate acerca de perfumarias. O essencial, aparentemente, estava previamente acordado entre as lideranças das organizações presentes. A plenária serviu apenas para legitimar a existência do “Bloco de Luta...” diante das dezenas de presentes, e dar uma face democrática para sua criação.
Foi constituído o “Bloco de Luta...” que abarca, majoritariamente, parte significativa da esquerda institucional capitaneado por PSTU e PSOL. Os mesmos que deixam os interesses partidários acima das necessidades das categorias onde fazem parte da direção sindical. Eles, que se evadiram, mas de “forma organizada” como disse o dirigente sindical dos metroviários que conduziu a reunião, da Avenida Paulista em Junho de 2013, assim como o MPL também o fez. Além de abandonar a pauta original de extinção das tarifas, ofertaram o movimento de massas, os trabalhadores e as ruas, naquela oportunidade, para a direita fascista quando havia correlação de forças para fazer o enfrentamento. E agora, em função disso também, mas não apenas, nossos inimigos de classe tomaram gosto pelo desfile público.
A criação do “Bloco de Luta...” evidencia o início de uma divisão entre a esquerda institucional e o MPL. E isso até demorou a acontecer. Mesmo tendo divergências sobre a atuação do MPL, principalmente desde Junho de 2013 acreditamos que seus métodos de organização e ação ainda são incompatíveis com as estratégias da esquerda parlamentar. Não vamos entrar no mérito dessa questão agora, pois esse não é o objetivo no momento.
Aproveitando o momento de evidente crise, da criminalização da tática Black Bloc, da brutal repressão do Estado e dos traumas gerados pela sua violência, surge o “Bloco de Luta” que vê uma oportunidade para, possivelmente, dividir o movimento e futuramente tentar dirigi-lo. O momento é o mais propício para isso. Jovens nas ruas, almas e mentes para conquistar, a tão falada crise de representatividade, necessidades partidárias à vista. Terreno fértil para a burocracia eleitoreira atuar e engordar suas fileiras. Isso se indicava logo após o 1° Ato quando entidades, algumas citadas acima, passaram a criticar publicamente o MPL caracterizado como incompetente e despreparado para dirigir a luta, desorganizado, complacente com os mascarados, antidemocrático. Denunciaram clima de insegurança nas suas atividades. Nem vamos entrar no mérito das críticas, pois não somos advogados do MPL e também discordamos de algumas de suas práticas. De início o “Bloco de Lutas” fez um “pré-ato” na Praça da Sé antes do 3° Ato no Teatro Municipal indicando seus militantes a se concentrarem lá, fragilizando a concentração no Largo da Batata. Sinalizaram também o desejo de fazer atos próprios e convocaram uma nova plenária para o dia 19/01 no mesmo local.
Queremos deixar claro que a divisão do movimento enfraquece a luta. Defendemos e fomentamos a liberdade de organização, mas condenamos energicamente qualquer tipo de oportunismo eleitoreiro, parasitismo e autopromoção nas lutas. Apesar de todas as diferenças ideológicas só conseguiremos avançar na conquista das pautas, nesse momento, com unidade. Esse assunto será abordado futuramente, mas para finalizar, foi decepcionante ver camaradas, por ingenuidade ou convicção política, da Aliança Anarquista, Núcleo Anarquista da USP e Rizoma sendo avalistas do “Bloco de Lutas...” composto e dirigido, principalmente, por quem sempre foi avesso às lutas autônomas.
Fiquemos atentos camaradas!


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